Segundinha má

O momento tão esperado chegou.Todos os sentidos entram em ação, eu podia ouvir as primeiras notas,podia ver os semblantes de excitação, sentir o cheiro de libido no ar, esbarrar em corpos quentes e tensos, tudo isso somado ao amargo de uma cerveja quente. Ela entra em cena,vestindo lingerie rosa, quase uma barbie, cheia de técnicas de sedução.Cada passo, cruzada de perna, movimentos que exercem mistério e fantasia. O sexo começa na cabeça,refiro-me á de cima, é claro.
Ninguém era sutil, e ninguém tinha intenção de ser. A banda pediu, o povo cantou:

Eu te amo,
Ah, Eu te amo
Ah, Eu te amo, meu amor
Ah, Eu te amo
O meu sangue ferve por voce

...
A canção dizia tudo. Tudo fervia e todos eram prisioneiros, reféns do calor. Era assim que ela gostava, ela não reclamava dos olhares pidões, e não queria parecer comportada.Ela segurou a corda com firmeza, sentiu que podia arrasar,pendurou-se e virou. Pernas elegantemente esticadas, arrancou suspiros, a visão era perfeita e eles queriam que ela continuasse assim durante mais algum tempo. O sangue desceu pra cabeça, a de cima, é claro.As notas de música cessaram, ela saiu de cena. Na frente do palco, as pessoas começaram a se espalhar, voltando para as suas mesas, pegando uma cerveja gelada pra tentar esfriar a cabeça, a de baixo, é claro.