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quinta-feira, outubro 13, 2011


A menina e o cachorro


Ela registrava tudo que via e ouvia. E ela ouvia e via muita coisa. Em algumas ela se aconchegava, em outras ela regurgitava, e assim ela continuava somando as histórias à sua história, subtraindo a normalidade, multiplicando a necessidade e dividindo o resto com vocês.

Perigosa, feitiçeira, bandida, misteriosa, magnética, ahhh... tudo isso soa tão encantador. Para "A menina" isso era constante, mas não pense você, que ela não se surpreendia sempre que ouvia as tais palavras novamente, e não era sempre pela mesma pessoa, não, não era. Eram variados tipos e tamanhos, e cores, e estilos, tudo muito diversificado, e ainda assim ela sempre reconhecia "O cachorro" quando ele surgia na sua frente. A menina queria ver o que ginga, o que vinga, e mesmo que no altar ela fosse a cadela, e ele não disesse "sim", ela saberia que ele seria amigo, fiel como um cachorro, incansável, só pra ficar mais perto dela.

A menina e o cachorro. Se ela não sabia, não interessava, se ela seduzia, era só um pouco de atenção, se ela não queria, era bom você ter pressa, e em caso de emergência, muita paciência, se a menina ousasse, o cachorro tinha que ter AR. Na medida do impossivel, eles viam tudo como era. A menina não procurava solidão, ela tinha o seu esconderijo, ela não reclamava, ela se divertia com as conversas, com as insinuações, com o inesperado. Uma hora ela podia ser a menina que ofegava em um banheiro, enquanto o cachorro queria mais, porque muitas vezes ele também não se preocupava, perigo era sobrenome e um jogo que eles gostavam de brincar. A menina ouvia o blues e sabia entrar no tom, flutuava por entre acordes e gemia tentando assimilar as notas. Ela construiu o seu mundo seguro e sabia que o cachorro podia latir em frente ao seu portão, isso até chamava sua atenção, às vezes disparava seu coração, ão? Risonha definia o que ela se tornava, quando conseguia fazer o cachorro ser O ABANDONADO, nem que fosse na camada superficial, porque é claro que cachorro que é cachorro sempre tem atrás um monte de cadela cheirando e abanando o rabo.

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sexta-feira, setembro 03, 2010


Ele só quer sexo. E daí?


Em que ano entramos mesmo, hein? 2010? Século 21, certo? Mas lendo a Marie Claire enquanto esperava a minha vez de fazer as unhas me deu a impressão de que ainda estou em algum lugar do tenebroso passado.

“Nove sinais de que ele só está na sua apenas por sexo”, é a chamada em letras garrafais rosa chocante na revista. Juro.

“Mesmo o cara mais legal de todos pode estar atrás de sexo”, diz o subtítulo. E continua: “Esses tipos conseguem o que querem e, uma vez satisfeitos, vão embora. Relacionamentos profundos não fazem sentido para eles”.

Cada vez que lia mais da revista meu rosto se contorcia em expressões variadas, chamando a atenção de quem por ali tingia os cabelos ou como eu aguardava ansiosamente sua vez.


Congelei.

Então a revista ensina às leitoras a perceber os sinais de que esses perigosos malfeitores estão perto delas. Não vou entrar em detalhes (sob o risco de vomitar), mas vai de “eles gastam muito dinheiro, mas nunca têm muito tempo” (????) até “você não conheceu a família e os amigos dele”. Tem ainda outra pérola: “Quando estão juntos, você sempre está bêbada” (!!!).

Vamos combinar: não dá para uma revista da mulher moderna ainda manter este discurso – por mais que ainda seja o de muitas mocinhas por aí. Não dá para continuar a propagar a ideia de que as mulheres fazem sexo para ter amor e que os homens dão amor para ter sexo.

Uma mulher que faz sexo com um homem quer sexo com um homem (ou pelo menos deveria querer).

O que vem é depois e além é o que vem depois e além. Ela não pode ser “enganada”.

O compromisso se constrói a dois. Não é uma conquista feminina. Pelamordi. Esse discurso dá vergonha. Vamos deixar de ser ridículas. Pronto, falei.

E calma...eu não encabeçei uma mesa redonda no meio do salão...não mesmo!
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domingo, julho 11, 2010


Existe amizade entre homem e mulher?


Sally: Nós vamos ser apenas amigos, ok?
Harry: Ótimo! Amigos! É a melhor coisa…Mas, você já percebeu, é claro, que nós jamais seremos amigos.
Sally: Por que não?
Harry: O que eu estou dizendo é que…e isso não é uma cantada de forma alguma…é que homens e mulheres não podem ser amigos porque o sexo sempre entra no meio.
Harry: Não tem, não.
Sally: Tenho, sim.
Harry: Não te, não!
Sally: Tenho, sim!!
Harry: Você pensa que tem.
Sally: Você está querendo dizer que eu faço sexo com eles sem saber?
Harry: Não, o que estou dizendo é que todos eles querem fazer sexo com você.
Sally: Não querem, não.
Harry: Querem, sim.
Sally: Não querem, não!
Harry: Querem, sim!
Sally: E como você sabe??
Harry: Porque nenhum homem pode ser apenas amigo de uma mulher que ele acha atraente. Ele sempre quer fazer sexo com ela.
Sally: Então um homem pode ser amigo de uma mulher que NÃO acha atraente?
Harry: Há…Não! Eles também vão querer alguma coisa com ela…
Sally: Mas e se a mulher não quiser nada com ele?
Harry: Não importa, porque de alguma forma o sexo já está por ali, então a amizade está fadada a não dar certo. Fim da história.
Sally: Bom, então eu acho que não vamos ser amigos.
Harry: É, acho que não.
Sally: Uma pena. Você é a única pessoa que eu conheço em Nova York…

Quem já viu a clássica comédia romântica Harry & Sally: feitos um para o outro (1989), com Meg Ryan e Billy Cristal, conhece a pergunta feita pelo filme, lançada nesta cena em que Harry pega carona com Sally, amiga de sua namorada, para ir a Nova York estudar: existe amizade entre homens e mulheres?

Hoje eu só pergunto.
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terça-feira, junho 15, 2010


Bocão vermelho é a tendência


Ela hoje acordou puta. É, isso mesmo que você leu: P-U-T-A. Não de raiva, mas de vadia.


Correu e abriu a bolsa, pegou o embrulho, tirou o lacre, abriu o batom. A cor era tão viva, de um vermelho real, cremoso, fino. Os olhos brilharam, e em seu rosto surgiu um sorriso traquina. Esticou os lábios e deslizou o batom, colorindo pouco á pouco. Preocupou-se com o contorno superior e os cantos, nenhum espaço podia ficar sem cor.

Espalhou pela boca, com o dançar do próprio lábio. Sorriu com a boca vermelha. Estava radiante. Fez algumas caretas, olhares, bocas…
Levantou-se correndo e foi até a cozinha. Procurou no armário um copo, testou a cor na borda. Perfeito! – Pensou. Correu até a lavanderia, pegou uma camisa dela mesma, beijou o colarinho. Olhou satisfeita. Estupendo! Por fim, voltou até a penteadeira e beijou o espelho. Droga! O batom já tinha desbotado da boca. Teve que passa-lo novamente.

E beijou o espelho,novamente. Agora sim! Beijou uma, duas, três… trinta e oito vezes. Sorria, contente. Então pegou o batom para mais um retoque. O batom já comido na metade de tanto uso… Os olhos ficaram irados. Levantou nervosa, pegou a bolsa e seguiu rumo ao seu alvo. Comprou logo meia dúzia. Um batom tão perfeito, é difícil de encontrar.


...


Ela acordou. Foi um sonho? Foi sim, mas os olhos estavam irradiando segundas intenções, seja no sonho ou na vida real,tudo o que ela queria agora era aquele batom!!
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terça-feira, maio 25, 2010


Duas na cama?


Assunto constante nas rodas masculinas, sonho mais que sonhado, o melhor presente de casamento, namoro de todos os tempos. Imagina o que seja? Ainda não? Pois aí vai a resposta em forma de pergunta: Porque, afinal, os homens sonham em levar duas mulheres para a cama? Bom, eu tenho uma má e outra má notícia pra você. E eu diria mais: diria que vou contar a má e a outra má notícia com uma mágica matemática. Farei das duas uma só. E aqui vai: Porque sim.

Perdi um bocadinho do meu tempo conversando com um e outro, e não é que só de pensar que eu imaginei , cogitei sobre os rios, cachoeiras, oceanos de luxúria deles, a imaginação DELES já foi longe. Mas eu sei, e você também sabe, que isso não mata a mosquinha da nossa dúvida.Então, segue aí o resumo da explicação do inexplicável: o homem, desde o início da civilização, foi movido a desafios. Subir a montanha, viajar no cipó, ir à Lua, ver balé. Eles querem superar os limites, quebrar recordes, estabelecer novas marcas. Por causa disso, eles fazem um monte de burradas e um outro monte de coisas boas. Inventam a roda, o fogo, o vinho e o iPod, mas também a guerra, a bomba atômica, a Nova Schin, o PT e o PSDB.


A verdade é que homens são gulosos. Para quê uma na cama se eles podem ter duas? Claro, a chance de isso acontecer é a mesma que ganhar na Mega Sena acumulada. É talvez um pouco mais difícil, já que Mega Sena tem toda semana. Mesmo assim, eles vão morrer tentando. Você quer ver um marmanjo suspirar? É só mostrar um daqueles filmes com sultão, harém, 300 gatinhas, pequeninos véus de seda. É a meta de vida, objetivo a ser alcançado. A direção certa é onde estiverem duas mulheres dispostas ao ápice do prazer, ao manjar das delícias carnais, à ambrosia da alegria.


E para que isso aconteça eles tem tantos argumentos que chego a acreditar que depois de dividir o colchonete com duas moças, homem nenhum iria a guerra ou pisaria em plantas. Ménage é vida, ménage é sonho, ménage é paz. Será que a solução está nas mãos e na cabeça de vocês? Segundo eles: "Eu te juro, queria tanto que vocês descobrissem como isso faria a gente feliz. Você não daria uma chance à paz?"


Hahahahaha...homens!
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segunda-feira, março 15, 2010


PARTE 2


- O tempo passa como uma rato na sala né? Tenho certeza que o tempo comporta-se muito mal em passar! Nós mulheres medimos a queda da bunda, mantemos frequentemente as idades, e o menor sinal de ruga e celulite é um desespero.

Ele disparou e não parou mais.

- Doces criaturas! Se soubessem o quanto os homens , pelo menos os de verdade, têm má vista para esses detalhes... Rodin, o escultor, disse que o clímax da beleza feminina é um momento antes da perda da virgindade porque depois os traços já apresentam sinais de “fadiga da paixão”.

Sem hesitar, eu disparei: Isso é realmente ofensivo ( mas queria ter gritado, “Joguem-no aos infernos”, “ Reneguem o nome desse bendito escultor”).

Ele riu de maneira compreensiva, como se tivesse lido meus pensamentos e adiantou: Os homens, de modo geral, apreciam as mulheres dos 8 aos 80...as mulheres são guardiãs do amor, Eros mora na casa delas...O notório interesse masculino nas jovens está, na verdade, concentrado na sua vitalidade, brilho, frescor, para dizer numa palavra tudo, tesão. Jamais perguntamos quantos anos ela tem. Ha outras coisas que nós apreciamos: um certo, digamos, saber fazer. Em qualquer idade. E isso não significa SÓ sexo.

Ele chega mais perto do gravador, e quase como uma autoridade diz: Queridas leitoras ( como assim? Ele lê meu blog? Rsrsrsrsrsrs), desculpem-me eu sei que não tenho intimidade para chamá-las assim, mas sigam meu conselho: despreocupem-se, vocês são poderosíssimas, nossos jardins das delícias!Nós comemos em vossas mãozinhas! Além do mais, são vocês que nos escolhem, não se permitam pensar o contrário. Para nós, resta apenas a tarefa de fazer gracinhas na esperança de ser o escolhido. Por mim eu mandava prender todas. Não propriamente prender, colocar em quarentena, mas sim num lugar confortável, macio, bem guardado, com os muros BEM ALTOS. E eu?...eu pularia o muro.


E aí? Tic-tac, tic-tac, tic-tac!
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quinta-feira, março 04, 2010


Questão de Tempo


Uma bela tarde combinei de ir ao cinema com um paquerinha assistir o documentário Jogo de Cena, do diretor Eduardo Coutinho( que por sinal, eu adoro). Um dos meios utilizados para conseguir os depoimentos das mulheres que aparecem no filme é um anúncio no jornal, no qual ele convida as mulheres para contarem suas histórias de vida. Enfim! Neste processo de olho na tela, boca na boca na última fileira de cadeiras do cinema, eu começei a pensar que eu podia fazer o mesmo, afinal, a vida imita a arte que imita a vida, que imita a arte.
Assim fiz. Coloquei um anúncio no jornal que dizia assim: é tudo uma questão de tempo? Se você é homem e tem resposta para esta pergunta, é só me ligar no 8717-7696!
A minha espera não fou duradoura, quatro horas depois um número desconhecido aparecia na tela do meu celular. Também foi o único. Onde eu estava com a cabeça mesmo? Eu não sabia o que eu queria com aquela pergunta, eu só sabia que eu não ía rodar um filme e que não era um grande diretor brasileiro de documentários. E o jeito? Marquei com o curioso(porque com certeza, era isso que ele era) e me preparei para o que vinha pela frente.
Ele chegou. Um cara na faixa dos 40 anos, charmoso, vestido de maneira descontraída, eu diria até que era um cara estiloso. Sentou. Eu me apresentei, liguei meu gravador e ainda sem a menor noção do que eu queria começei a falar:



Continua...
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